Buscando condições de ensino para
atuar com o aluno Deficiente Físico
Por Deise Saraiva
O trabalho pedagógico do educador é,
sem um dúvida um grande desafio, independente da idade e da modalidade em que
se vai atuar. Quando se refere à educação especial, o desafio se torna ainda
maior, pois ainda estamos trilhando uma longa caminha rumo à inclusão.
Em relação ao trabalho pedagógico com
alunos com deficiência física, quanto maior a lesão e as limitações físicas do
aluno, maior deve ser o empenho e a busca do educador para auxiliar este aluno
no seu aprendizado, vislumbrando seu potencial.
Quero considerar, um aluno com
tetraplegia, com um tipo de lesão que ocorreu no nível do pescoço (região
cervical), com uma paralisia do pescoço para baixo, imobilizando os braços e as
pernas. Ainda que com uma paralisia completa, este aluno se encontra na sala de
aula e sob a minha responsabilidade (que é de toda a escola também).
Em relação às condições deste aluno
tetraplégico, identificamos a seguinte situação: o aluno possui dificuldades
motoras, todavia precisa cuidados especiais. Sendo assim, como os estímulos do
cérebro para a bexiga e intestinos foram interrompidos, por causa da lesão
medular, é preciso que o professor e monitor/cuidador tenham atenção especial
nos momentos de higiene, evitando situações constrangedoras ou complicações
(como fezes empedradas), além disso, é preciso proporcionar a ingestão de
líquidos em abundância. Esses pequenos detalhes facilitarão as relações dele
com os colegas e melhora seu aproveitamento em sala de aula.
Logo de início, é importante que o
educador consulte o aluno sobre suas necessidades e expectativas de
aprendizagem, tratando-o como alguém que apresenta condições mentais e
cognitivas para a aprendizagem e que precisa apenas de uma adaptação física e
estrutural para melhor se adaptar ao ambiente e assim conseguir ser
independente. É preciso se ter em mãos o diagnóstico completo de quem é este
aluno: quais são suas reais limitações? Usa fraldas ou sondas? Qual o seu ritmo
de aprendizagem? Suas maiores dificuldades e facilidades? Como é feita a
fixação do tronco na cadeira de rodas? Quem fará a remoção da urina e qual o
procedimento correto? Consegue utilizar instrumentos com a boca ou não? Entre
outras questões.
De modo geral, a escola que recebe um
aluno com tetraplegia necessita de um plano individualizado de adequação
curricular. Este plano é elaborado com a equipe pedagógica (principalmente com
o auxílio do professor da sala de recursos). Algumas adaptações necessárias:
ü Físicas: devem acontecer no ambiente
escolar, facilitando o acesso do aluno à sala de aula, ao banheiro, à cantina,
ou seja, a construção de rampas, corrimão, alargamento de portas, ambiente
arejado e espaço adequado para que esse aluno circule com a sua cadeira.
ü Sala
de aula: deverá ser no
piso térreo (no caso de escola com andar) para facilitar a locomoção da
cadeira, sendo que o aluno deverá ficar em uma posição que consiga ler as
anotações do quadro e interagir com os colegas, ou seja, na frente e no centro,
de modo que o mesmo esteja em local de melhor visualização do quadro. As carteiras
deverão ser dispostas de maneira que todos possam interagir na sala com este
aluno. Certamente, a carteira será adaptada para poder encaixar a cadeira de
rodas;
ü Recursos: adaptações físicas no período em
que estiver sentado na cadeira de rodas (postura correta com a utilização de
almofadas ou faixas para estabilização do tronco ou velcro); Programas
(softwares) especiais de acessibilidade adaptados para comando de voz; Mouse
Ocular; Teclado Virtual e Acionadores;
ü Com
o aluno: além dos cuidados
com a higiene, os cuidados com a postura também são importantes cuidados para
evitar o surgimento de escaras com mudanças na posição, de tempos em tempos,
evitado assim o cansaço por estar na escola várias horas sentado;
ü Turma
e Comunidade em geral:
preparar a todos da classe e da escola para a chegada do colega deficiente,
ressaltando que: a deficiência física não compromete a parte cognitiva da
pessoa; se a conversa for demorar mais do que alguns minutos, se for possível
sente-se, para que você e ela fiquem com os olhos no mesmo nível; a cadeira de
rodas (assim como bengalas e muletas) é parte do espaço corporal da pessoa,
quase uma extensão do seu corpo e não é bom que colegas se agarrarem ou apoiem
- se na cadeira de rodas; nunca movimentar a cadeira de rodas sem antes pedir
permissão para a pessoa; ao empurrar uma pessoa em cadeira de rodas, fazê-lo
com cuidado; não há motivo de constrangimento usar palavras como
"andar" e "correr", pois as pessoas com deficiência física
empregam naturalmente essas mesmas palavras; trate a pessoa com deficiência
física com a mesma consideração e respeito que cada um usa com as demais
pessoas.
Finalmente, é essencial o papel do
educador como um importante mediador que irá favorecer a inclusão desse aluno
no ambiente escolar, apresentando-o como uma criança como qualquer outra, que
pensa, tem atitudes e vontade própria, incentivando aos alunos a respeitar as
diferenças. Sendo assim, a pessoa com deficiência poderá ser vista pelo prisma
da sua potencialidade e não apenas o das suas limitações.
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